terça-feira, 12 de janeiro de 2010

ONDE VAMOS PARAR

Às vezes escuto o cidadão que existe dentro de mim reclamar do mau funcionamento deste mundo. Fala abertamente sobre os desastres desta sociedade na qual eu vivo e, assim como as pessoas de minha geração, acaba fazendo com que eu pense: “Onde vamos parar?”.

Mas logo, quando recobro a sanidade, reflito sobre isso e me pergunto: “Por acaso não faço parte desta sociedade? Pode existir uma sociedade à margem dos indivíduos que a moldam? Não é uma coisa sem sentido reclamar de algo com o qual se contribuiu? Não é verdade, como disse Peter Berger, que as pessoas fazem a sociedade e a sociedade faz as pessoas?”

Uma análise menos ingênua faz com que eu veja o problema de outra maneira: que o mundo vai mal não é novidade para ninguém. O que dói é o fato de não vermos solução para tal situação. A cada dia observamos o surgimento de novos problemas que servem, acima de qualquer coisa, para vermos com impotência quão tarde e mal resolvidos eles são, isto é, quando são resolvidos. Gerenciar o mundo atual não é exatamente uma loteria. A complexidade que se faz presente em todas as dimensões de nossas vidas requer inteligência, coragem, responsabilidade, uma grande dose de criatividade e, acima de tudo, ética e repercussão emocional.

Ao que parece, temos valores muito restritos e muitos dilemas a resolver. Talvez o maior deles seja como viver a consciência em uma sociedade com a qual cada vez nos comprometemos menos. Como harmonizar nossa individualidade com o sentido social e o sentimento de pertencer ao coletivo. Como encontrar sentido no tal “ser ou parecer”. E essa tarefa é responsabilidade das pessoas de, que podemos chamar de “sociedade civil”, uma vez que os governos e as grandes instituições já demonstraram suficientemente onde estão estabelecidos seus limites, para não dizer sua incompetência.

Apesar de não concordar com a ideia de que os tempos passados eram melhores, estudos recentes têm chamado muito a minha atenção ao afirmarem que, pela primeira vez, os jovens de hoje viverão pior do que a geração de seus pais. Não afirmam isso se referindo apenas aos jovens com baixa renda, nem ao encarecimento do custo de vida, e, sim ao porque o nível de competitividade é cada vez maior, cada vez mais discriminante. Eu concordo, pelo que vejo todos os dias em meu consultório, pois existem pessoas que não sentem paixão por nada; que não querem nem ouvir falar de fazer qualquer esforço que seja e que pretendem permanecer o máximo de tempo possível instaladas em uma casa, dentro do círculo familiar. Então, também deve ser certo afirmar que os pais nunca tiveram uma geração pior de filhos do que a atual. Estamos fazendo algum mal a eles? Em que rede nos enfiamos, que é tão difícil de escapar? Estamos perdendo de vista a maneira correta de nos tornarmos cada vez mais humanos?

domingo, 10 de janeiro de 2010

O Clube do Filme

Um pai. Um filho. Três filmes por semana.

"É um relato sincero sobre como é difí­cil crescer, como é difí­cil ver alguém crescer e como no meio da raiva e da desordem de uma famí­lia não há nada tão bem-vindo quanto um filme." - The New York Times

Eram tempos difí­ceis para David Gilmour: sem trabalho fixo, com o dinheiro curto e o filho de 15 anos colecionando reprovações em todas as matérias do ensino médio. Diante da desorientação e da infelicidade desse filho-problema, o pai faz uma oferta fora dos padrões: o garoto poderia sair da escola - e ficar sem trabalhar e sem pagar aluguel - desde que assistisse semanalmente a três filmes escolhidos pelo pai. Com essa aposta diferente na recuperação e na formação de um rapaz que está "perdido", formaram o clube do filme. Semana a semana, lado a lado, pai e filho viam e discutiam o melhor (e, ocasionalmente, o pior) do cinema: de A Doce Vida (o clássico de Federico Fellini) a Instinto Selvagem (o thriller sensual estrelado por Sharon Stone); de Os Reis do Iê, Iê, Iê (hit cinematográfico da Beatlemania) a O Iluminado (interpretação primorosa de Jack Nicholson, dirigido por Stanley Kubrick); de O Poderoso Chefão (um dos integrantes das listas de "melhores filmes de todos os tempos") a Amores Expressos (cult romântico e contemporâneo do chinês Wong Kar-Way).
Essas sessões os mantinham em constante diálogo - sobre mulheres, música, dor de cotovelo, trabalho, drogas, amor, amizade -, e abriam as portas para o universo interior do adolescente, num momento em que os pais geralmente as encontram fechadas.
David Gilmour, crí­tico de cinema e escritor premiado, oferece uma percepção singular sobre filmes, roteiros, diretores e atores inesquecí­veis ao relatar essa vivência com olho clí­nico e muita sinceridade. O autor emociona ao colocar os leitores diante da descoberta da vida adulta pelos olhos de um jovem e dos dilemas da adolescência administrados por um pai muito presente. Nas palavras de Gilmour: "É um exemplo do que o cinema é capaz, de como os filmes podem vencer suas defesas e realmente atingir seu coração."

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Os Segredos de Anjos e Demônios

Seguindo a mesma receita de sua publicação anterior, "Os Segredos do Código", Dan Burstein (nome bastante sugestivo) alia-se a outro autor, Arne de Keijzer, para separar fatos de ficção em "Anjos e Demônios", do aclamado autor americano que dispensa apresentações.

Longe de retirar o mérito de Dan Brown como um dos grandes romancistas de nossa era, o trabalho investigativo feito em "Os Segredos de Anjos e Demônios" visa a ajudar os leitores mais ávidos, e menos eruditos, a entender a linha, às vezes, bastante tênue entre uma boa obra de ficção e a realidade, pelo menos do ponto de vista da compreensão da ciência estabelecida.

Embora seja um livro de cunho investigativo, a constante interação entre os autores e os entrevistados, aliada a uma linguagem bastante leiga, faz com que sua leitura seja fluida e bastante interessante.

Entre vários cientistas, historiadores, professores, jornalistas e escritores entrevistados, vale à pena ler o ponto de vista do brasileiro Marcelo Gleiser, físico e professor de uma universidade norte-americana.

O Outro

Comprei "O Outro" influenciado pela leitura de "O Leitor", bom livro de Bernhard Schlink explorando o vergonhoso período em que a Alemanha Nazista tentou subjugar o povo judeu.

Neste curto romance, que mais parece um conto, a ideia central é a de um homem que, após a dolorosa morte de sua esposa, recebe uma carta que revela um segredo do passado: um amante.

Amargurado pela dor da perda e da traição, Benner resolve personificar sua esposa para descobrir, entre outras coisas, quem era esse Outro e se ela fora mais feliz com esse affair do que em seu casamento.

A ideia de Schlink é muito instigante, mas ele comete, em minha opinião, alguns deslizes que comprometem a beleza da obra.

A narrativa é tão concisa, que sufoca o potencial dramático da história, que podia ser melhor explorada pela ótica psicológica, antropológica e filosófica.

As personagens são vazias, desprovidas de uma empatia que conquiste o leitor ou de um passado que justifique suas atitudes frívolas.

Finalmente, o desfecho é tão seco quanto todo o resto da história.

Mas é claro que essa é a minha opinião. Espero que vocês gostem e também deixem as suas.

Abraços!

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Ler e legal!

Oi, pessoal!

Agora vocês, ávidos leitores, têm mais um espaço para discutir sobre livros, resenhas e tudo mais que tenha a ver com literatura. Espero contar com a participação dos ratos de livrarias, sebos e bibliotecas de plantão.

Sejam bem-vindos!